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  • Foto do escritorVivi Bettoni

Você sabe lidar com as Mudanças?

Atualizado: 12 de ago. de 2019

Toda mudança gera um desconforto, mesmo que seja para levá-lo à uma situação melhor a que você já está. Isso porque te tira da zona de conforto, do ponto em que você já encaixou sua rotina de acordo com o que gosta e como gosta de fazer, dentro de sua disponibilidade.

Mas a partir do momento em que há uma mudança, você precisa começar um novo ciclo, adaptar-se às coisas novas que ela traz; e isso é aceitá-la.

Agora, imagine você sendo surpreendido por algum acontecimento que o leva a mudar seus planos. Digo, mudanças que provocam grandes modificações em você e em sua rotina. Como reagiria?

Quando engravidei, assim como todos os pais, fizemos planos desde organizar o enxoval, escolher o nome, até definir período de férias para curtir o filhinho... mas a realidade foi um tanto diferente da que imaginávamos.

Na época eu e meu marido morávamos em Oman; minha gravidez foi planejada, com todos os cuidados pré-gravidez, estava bem tranquila, havia todo acompanhamento médico, tanto por lá quanto no Brasil porque havíamos escolhido ter nosso filho próximo a família.

Fizemos os exames e no primeiro ultrassom, vimos apenas uma “sementinha". Na segunda semana, tivemos uma surpresa, a médica constatou “duas sementinhas”; isso mesmo era gestação geminar. Foi uma confusão de sentimentos, porque imaginamos o quanto desdobraríamos para nos reorganizar com a nova realidade, dois filhos ao mesmo tempo. Nossa família partiria de 2 para 4 pessoas e, uma mudança assim exigiria grandes e novos esforços.

Mas com os dias, o que nos era preocupação se tornou felicidade. Como não amar? Amor em dobro pensávamos! Comecei o planejamento do enxoval anotando o que realmente era preciso para os dois e o que poderia ser em comum.

Mas depois de 12 semanas o coração de um deles não bateu mais, e somente um continuou crescendo. Não tive problemas de saúde, e a absorção aconteceu naturalmente, mas aquele sentimento de perda, de não ter mais aquilo que havíamos construído como nova realidade, foi um tanto triste.

Nesse momento comecei a entender que precisava lidar com as mudanças e ter controle emocional. Ah, ter controle não significa que você não possa sofrer, ficar triste ou até mesmo curtir dias depressivos, mas aprender a vivenciar a dor ao par de querer mudar as coisas que o incomodam, de transformar aquilo que traz um sentimento triste em outro de paz e satisfação.

Com quase 6 meses de gestação, fui orientada pela médica voltar para o Brasil e aguardar o nascimento. Estava completando 28 semanas e no dia em que meu marido me deixou na casa dos meus pais, para então voltar para Oman e finalizar o trabalho, minha bolsa rompeu e uma nova mudança se iniciou naquele momento.

Era meia noite, estava em uma cidade pequena do interior de São Paulo, e precisava fazer algo há tempo. Peguei meu carro, fui dirigindo até Santa Casa da cidade vizinha com minha mãe e ligamos para a médica que me assistia no Brasil. Enquanto aguardava, minha mãe estava desesperada e todo pessoal preocupado, mas eu só tinha uma opção: manter a calma e fazer o que precisava ser feito, e dentro de mim, havia um sentimento que me sustentava: a fé.

Fui encaminhada para a cidade de Marília, também do interior de São Paulo, porém lá havia recursos e um hospital com Uti neonatal para o suporte. Tudo foi bem corrido e isso, no meio da madrugada, eu só estava com a roupa do corpo e documentos... Nessa altura, sem malinha de enxoval que tanto imaginava...

Tentamos segurar ao máximo o parto que já estava se iniciando naturalmente, corticoides foram aplicados no intuito de ajudar amadurecer os pulmões de meu filho... enfim...

Na manhã, a equipe já se organizou para o nascimento, então, em pouco tempo meu filhinho Enzo nasceu. Tudo também foi bem rápido... não pude ver meu filho como as mães fazem ao darem a luz, nem mesmo meu marido pode acompanhar, lembram? Ele havia voltado para Oman. Enzo então foi levado as pressas para a Uti.

Nada do que havíamos planejado aconteceu. Não tinha sequer certeza que teria meu filho; deram-me 15 dias para observar como reagiria, uma expectativa de vida contada minuto a minuto.

Depois de 1 dia consegui falar com meu marido e avisar o ocorrido. Ele se organizou e retornou para me apoiar naquele momento onde sentimentos de todo tipo afloravam.

Tive apoio familiar e de muitos profissionais, e foi fundamental para eu construir um controle emocional e seguir na minha nova missão. Não desacreditei em nenhum momento que Enzo sobreviveria, deixava minha gota de amor todos os dias em formato de leite materno... doava vidros e vidros para o Banco de Leite na esperança de ter o suficiente quando eu tivesse a oportunidade de amamentar meu filho. E assim foram 70 dias de Uti, indo e vindo.

Quando tivemos alta, fui orientada sobre os possíveis riscos que Enzo poderia desenvolver ou já ter adquirido pelo nascimento prematuro extremo. Isso nos fez planejar uma nova vida com cuidados preventivos, e vejo que foi essencial para o que Enzo se tornou.

Até 1 ano e meio, tudo parecia dentro do esperado na rotina de uma criança, Enzo não demonstrava ter nenhum tipo de dificuldade em fazer as atividades. Mas ao tentar andar, caia...uma forma diferente do comum. A frequência dessas quedas nos levantou uma suspeita, e ao receber o resultado da ressonância, tivemos nova surpresa: Enzo tem uma lesão cerebral, a tal Leucomalácia cerebral neonatal, conhecida também como paralisia cerebral. A área afetada foi a da região do equilíbrio, o que nos fez manter o foco na questão e então ajudá-lo a desenvolver... graças a neuroplastia, a capacidade do cérebro em adaptar-se para refazer em um outra área, novas conexões neurais para realização da função comprometida. Com isso, Enzo tem tirado de letra, e hoje aos 8 anos ele anda, corre, e aprendeu a pular, enfim...tudo dentro de seu tempo.

Se mudou nossa vida? Muuuiiiittttoooooooooo. No começo foi difícil mas conhecer a questão me ajudou a buscar de forma acertiva os tratamentos. Foi cansativo? Ainda é bem cansativo, porque não foi somente no começo que as coisas mudaram, no meio houve intercorrências, cirurgias e tratamentos diversos que me fez parar várias vezes minhas atividades para juntar as forças e vencer os novos obstáculos.

Sei que ainda há muito o que fazer, a gente se acostuma com a nova realidade, mas tive muito aprendizado e muitos outros são recebidos diariamente. Os valores da vida são ressaltados a cada momento com meu filho e muitas habilidades que desenvolvi, foram e ainda são úteis para meu profissional.

Com tanto acontecimento, resolvi unir tudo e escrever um livro sobre como tirar proveito das mudanças, baseando-me na história vivida com Enzo. Nele procuro mostrar como fizemos para lidar com as situações e o que nos resultou disso tudo; espero publicar em breve. Sei que cada um tem uma história, mas sei também que quando compartilhamos nossas experiências, aprendemos mais e podemos colaborar com o próximo; uma verdadeira corrente do bem.




Você nunca estará preparado para nenhum tipo de mudança, mas o que você pode fazer é estar preparado para aceitar as mudanças que vierem; essa habilidade é totalmente possível desenvolver.

Quando olhamos para uma mudança e todo acontecimento que ela provoca, de forma positiva, conseguimos enxergar oportunidades antes não vista. Não é algo que você faz instantaneamente, é algo que você, praticando sempre, aprende a olhar, refletir, “digerir” e então tirar proveito da situação atual.

Essa situação se encaixa em qualquer circunstância, seja vida pessoal ou profissional; e olha que estamos em constante mudança e pequenas adaptações já são feitas rotineiramente, mas somente as que impactam levando sua vida para outro rumo, outro patamar, são as mais difíceis de se lidar.

Com ansiedade em resolver as questões que surgem, acabamos por complicar ainda mais a situação, desta forma, ACEITAR a nova situação e aprender a CONTROLAR O EMOCIONAL para o racional agir, vai ajudá-lo a reorganizar-se e ter ações mais eficientes.

Lembre, a resistência pela mudança gera ainda mais desconforto e sofrimento; sofrimento este que o “cegará” para as novas oportunidades porque sua mente estará trabalhando somente a situação ocorrida e não conseguirá raciocinar coerentemente o “daqui para frente”.

Mudanças acontecem e não é possível retornar ao tempo para evitá-las, então aceitar para seguir a diante, seja para ajustar um novo momento ou buscar soluções para situações que lhes foram impostas, permite abrir outros caminhos que farão inclusive uma transformação positiva em você.

Volto a ressaltar, mudar-se primeiro lhe impulsionará para os melhores momentos, para as soluções mais pontuais e coerentes isso porque o manterá focado naquilo que precisa fazer. Gosto de dizer sempre, “faça aquilo que precisa ser feito”.

Pessoas com medo de mudar, de aceitar as mudanças que ocorreram ou que estão ocorrendo, buscam fugas acreditando que vão conseguir tirar a situação que os incomoda, mas a verdade é que essas situações estarão sempre presentes até que, as encare e as aceite realmente. Tentar enganar-se é postergar a realidade que o espera e uma possível resolução para ela.

Quando você aceita e trabalha as dificuldades ou questões que ainda o incomodam, você trilha realmente no caminho que deve trilhar, tudo flui, então as coisas começam novamente se encaixar e uma nova rotina se instalar.

Tudo aquilo que no início era bastante doloroso, com o tempo passa ser um aprendizado e fortalecimento para novas situações. E quando outras acontecerem, por mais difíceis que sejam, por ter aprendido a lidar com as mudanças, você saberá com mais clareza, as atitudes e posturas que deverá assumir para novamente conseguir resolver as questões e chegar ao objetivo desejado.


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